sexta-feira, 15 de abril de 2011

A6/b - GESTÃO DA QUALIDADE

A6/b – Texto para reflexão (14/04/2011)

Na ultima aula, debatemos a importância da mudança de paradigmas para as organizações que pretendem implantar uma gestão de qualidade. Os departamentos devem possuir um relacionamento harmônico e a intersetorialidade deve ser  praticada por todos os colaboradores. Diante disso, convido-os a refletir sobre o artigo do conferencista Roberto Recinella, eleito um dos 25 maiores nomes de motivação corporativa do Brasil.
                                 Pantufas Rosas

Eu comprei pantufas rosa, não se alarmem, não estou descobrindo o meu lado feminino nem muito menos assumindo uma homossexualidade inexistente, apenas tentando educar melhor os meus filhos.

Hoje descobri claramente como o mundo modela as pessoas. Tenho dois filhos, um de 7 e outro de 11 anos , ambos no auge do machismo. Estão naquela idade em que tudo poderia ser resolvido com um simples chute invertido acompanhado por uma joelhada após um salto triplo em pleno ar finalizado com uma cambalhota espetacular, talvez por que ainda acreditem que são invencíveis como os super heróis dos filmes, também estão naquela fase em que as meninas parecem ter piolho ou outra doença infecto-contagiosa grave, pois nenhum deles chega perto delas ou admite fazer isso.

Mas já estou acostumado, afinal quem cria ou já criou meninos entende muito bem do que estou falando. Esta é uma fase delicada em que qualquer roupa (mesmo que seja de cama, banho ou mesa) ou acessório em tom de rosa ou mesmo que lembre o rosa é refutado imediatamente, mesmo um vermelho desbotado é extremamente mal visto.

Não me recordo se quando tinha a idade deles eu era tão radical quanto eles, mas acredito que sim, fazia parte de um contrato psicológico dos meninos e caso alguém o violasse era ridicularizado impiedosamente.  

Estou contando está historia, pois apesar de ter sobrevivido a essa fase sem grandes traumas, muitos garotos da minha época não conseguiram e ainda carregam estes preconceitos, crenças e contratos psicológicos até hoje, assim os levando para dentro da empresa, família e sociedade, enfim realimentando um sistema errôneo de crenças e valores.

Por isso vou usar as pantufas rosa, para demonstrar que não existem preconceitos, e que qualquer cor tem seu valor, como qualquer pessoa tem suas qualidades, acredito que assim eles crescerão compreendendo que não existem limitações, elas estão apenas em nossas mentes, que não temos o direito de julgar ninguém alem de nós mesmos.

Talvez se outros pais tivessem usado pantufas rosa na presença de seus filhos estes tivessem crescido mais conscientes e benevolentes, menos prepotentes, teríamos menos chefes tiranos e mais lideres, menos chantagistas corporativos e mais comprometimento, menos inveja e mais solidariedade, menos ódio e mais amor, teríamos menos guerras, já que estas na maioria das vezes são geradas por intransigências culturais, sociais, religiosas e principalmente econômicas, teríamos menos desgastes e atritos pessoais, pois as pessoas aprenderiam a respeitar mais o próximo.

As empresas seriam mais amigáveis, as pessoas trabalhariam em um ambiente mais harmonioso, menos egoísta e egocêntrico, não haveria tantos embates de egos, as vagas nos estacionamentos não necessitariam ser privativas, os veículos da empresa não seriam ferramentas de poder e ostentações, as reuniões entre departamentos deixariam de ser trincheiras da razão, as pessoas teriam liberdade e tranqüilidade para expressarem suas opiniões sem serem abatidas pelo sistema ou penalizadas pela sua inteligência. As pessoas saberiam o seu lugar, assumiriam suas deficiências e necessidades e teriam apoio para melhorarem, não necessitariam se preocupar se isso seria ou não usado contra elas em suas avaliações anuais de performance, o respeito conquistaria mais corações do que o poder e o medo juntos.

Por isso vou usar pantufas rosa, para ensinar aos meus filhos que as pessoas são diferentes e que é justamente esta diversidade entre as pessoas, comunidades, regiões, paises e continentes que fazem o mundo ser o como ele é. E que se queremos mudar o mundo devemos começar por nós mesmos, revendo nossas crenças, verdades, mitos, preconceitos para assim podermos transformar o mundo.

Por isso uso pantufas rosa.  

Roberto Recinella
( publicado no site http://www.qualidadebrasil.com.br/  no dia 12 de abrilde 2011)