terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A4/b-PSICOLOGIA APLICADA

A4/b - Texto para Reflexão (15/02/2011) :


Insensibilidade social

Diógenes, no século IV antes de Cristo, tornou-se célebre ao sair pelas ruas com uma lanterna acesa em pleno dia, à procura de um homem honesto. Hoje, depois de sucessivas revoluções sociais que mudaram o rumo da história, a humanidade ainda aspira encontrar naquela virtude a base de todo e qualquer relacionamento social.

O século contemporâneo traz, dentre outras, a marca da insensibilidade, da apatia e da ideologia do consumismo que, por si mesmo, é responsável pela crise de afeto e solidariedade que vivenciamos.


A apologia à permissividade é patente nas divulgações massivas que atraem os incautos. Explora-se no cotidiano o que existe de mais pernicioso para a formação do caráter do cidadão, influenciando-o e deformando-o pela vulgaridade.
Affonso Romano de Sant'Ana, ao traduzir cristalinamente o momento atual da sociedade brasileira, exclama: "Nunca vi tamanho abuso. Estou confuso, obtuso, com a razão em parafuso: a honestidade saiu de moda, a honra caiu de uso".

A verdade, irmã gêmea da honestidade, ainda continua a ser incessantemente procurada, como fez Diógenes, pois a falência do relacionamento humano, como sempre, se fundamenta exatamente na sua ausência. Falha a sociedade em não exigir de governos a adequada educação de valores espirituais aos seus filhos, a verdadeira vocação da escola para forjar o caráter do cidadão com vistas a produzir uma nova sociedade, com base numa nova pedagogia: aprender a conhecer, aprender a ser e aprender a conviver, como preconiza a Unesco.

Exemplos de desonestidade podem ser encontrados a todo instante e em todos os liames sociais. Basta ver o noticiário que já está farto deles, induzindo a opinião pública à impressão de que não existe mais em quem depositar confiança.

A sociedade de consumo, estratificada na desarmonia, desajustada em direitos e deveres, vive a expectativa de planos e programas governamentais que servem mais ao proselitismo de seus líderes do que ao verdadeiro dever da democracia: servir ao povo.
Setores importantes e responsáveis pela transmissão da verdade, como o jornalismo, comprometem-se muitas vezes com aquilo que lhes parecem, mas conveniente ou interessante. Políticos mantidos por oligarquias que remontam ao início da república insistem em dividir territórios e gentes, em sertões remotos ou burgos mais próximos, para se servir da população. E escândalos se repetem num sem-fim, aguardando o dia da purificação final.


Ser desonesto se transformou um exercício de habilidade social e, associado à mentira servir de degrau para a afirmação do ego e mecanismo de dominação.

O mais revoltante é que as futuras gerações estão sendo forjadas na prática dessa hipocrisia social.
José Geraldo de Freitas Drumond, Membro do Conselho Assessor Internacional da revista Acta Bioethica, OPAS/OMS (Chile) e Membro da Academia Mineira de Medicina

RESPONDA: 1) Discorra sobre a insensibilidade social.
                         2) O texto faz referência a Diógenes. Pesquise e comente.