A6/b – Texto para reflexão ( 18/04/2011)
O Brasil dá seus primeiros passos na direção da Inteligência Competitiva
Analise sobre a demanda de profissionais de Inteligência Competitiva no mercado brasileiro. Qual seria o perfil desse profissional, e analise se já estamos vivendo um "apagão" de profissionais de IC.
No artigo do jornal "Valor Econômico" de 22/02/2011, são apontados alguns fatos como:
Esta é uma área até pouco tempo inexistente nos organogramas das companhias e começa a ganhar espaço: a inteligência de mercado.
Há cerca de uma década de atuação nas empresas brasileiras, o setor cresceu nos últimos dois anos graças ao impacto das novas tecnologias, ao volume de informações geradas pelas redes sociais e à ascensão de novos consumidores no mercado interno.O resultado tem sido o aumento médio anual de 35% na contratação dos profissionais especializados, segundo estimativas dos headhunters ouvidos pelo Valor.A área de inteligência de mercado é uma das mais aquecidas dentro do marketing - e que deve registrar um dos melhores desempenhos em 2011;Salários mais altos ajudam os jovens a vencer preconceito. São remunerações, em média, 10% a 20% mais altas do que os pagas aos gerentes de produto em marketing". A diferença salarial, é favorável aos profissionais de inteligência em todos os níveis, desde o operacional até o gerencial.A valorização, no entanto, é reflexo da falta de gente especializada na área. A exigência de um perfil adequado para a área faz com que a empresa leve até cinco meses para recrutar um profissional.
Dos 7 pontos extraídos do artigo, podemos ver que o aquecimento da economia e a competitividade desencadeada por esta, gerou nas empresas uma necessidade de planejar melhor suas ações no mercado. Diante de um cenário aquecido e altamente competitivo, com um novo perfil de consumidores, quem for mais rápido na identificação da demanda destes, certamente terá mais chances de conquistar maior participação.
A área de Inteligência Competitiva, Mercado, Estratégica, enfim como quiser definir cada organização, tem como objetivo monitorar os movimentos do mercado, de seus principais atores (clientes, fornecedores, concorrentes). Muitas vezes confundida com área de "Pesquisa de Mercado" ou ainda com o "Business Intelligence", esta área ficou restrita aos organogramas de grandes organizações internacionais que traziam o conceito para o Brasil, mas pouco aplicada no seu dia-a-dia de negócios.
Em suma, a área de Inteligência até hoje é um mistério para a maioria dos nossos executivos, profissionais de recursos humanos e estudantes de administração e marketing.
O nome "Inteligência" remete a algo sublime, mas quando complementado por "Mercado", leva a crer que se trata de tabular pesquisa de mercado, atividade pouco atraente aos jovens profissionais, ou ainda,pode ser confundida com "Business Intelligence – Inteligência de Negócios", que trata os dados internos da empresa, que por sua vez, lembra sistemas de gestão da informação, ferramentas de Database Marketing, dentre outros.
Porém, a área de "Inteligência de Mercado", faz uso de "Pesquisas de Mercado" e de informações do "Business Intelligence", para compor estudos estratégicos sobre o Mercado em que a empresa atua.
Logo, o perfil do profissional para atender as necessidades de uma área de Inteligência vai além dos conhecimentos de um profissional de Instituto de Pesquisa, ou de um Analista de Sistemas de Business Intelligence.
As principais características deste profissional poderiam ser resumidas pelos seguintes pontos:
Visão Sistêmica – Ou seja, ser capaz de identificar as ligações de fatos particulares do sistema social como um todo, e extrair dele os fatos relevantes que possam interferir no negócio da sua organização;
Capacidade de Negociação – Esta é uma área que deverá interagir principalmente com o alto escalão da empresa. Deverá apoiálos com informações que permitam a tomada de decisão estratégica da forma mais assertiva possível. Logo, esta pessoa deverá ter habilidade de apresentar seu ponto de vista e defender suas conclusões diante de grandes executivos que baseiam suas decisões em experiências vividas e não números de mercado. Mas que, precisam apoiarse nestes números para seguir em frente em um projeto ou não.
Capacidade de Analise – Sim, este profissional tem que conhecer metodologias de analise de mercado, como S.W.O.T, 5 forças de Porter dentre outras. E não apenas ler números, mas compreende-los e traduzilos,trazendo qual seria seu impacto no negócio em que atua;
Gestão de Projetos – Este profissional terá que tratar cada um de seus estudos como um projeto. Sempre haverá um demandante com o qual ele deverá interagir, entender suas necessidades, traçar um plano de trabalho para encontrar as respostas as duvidas de seu cliente, estruturar este processo, definir fontes confiáveis, métodos de analise coerentes com o tema, formato de apresentação e principalmente prazo de entrega.
Será que existe uma formação acadêmica que desenvolva estas capacidades? Não, pois qualquer profissional pode desenvolver tais capacidades, desde que receba a orientação adequada para isso e esteja aberto para assimilá-la.
No Brasil ainda são poucas as Instituições de Ensino que tratam esta modalidade de Gestão como disciplina nas Universidades. Existem alguns cursos de capacitação profissional e Lato Senso (MBAs e Pós-Graduações sem titulação acadêmica de Mestrado) sobre Inteligência Competitiva, porém todos estão ainda muito voltados para as metodologias e pouco para a atuação no mercado, haja vista que temos ainda pouca referencia no Brasil neste tema.
Como de costume, o Brasil precisa correr para se adequar a este novo momento, e aos profissionais interessados na área, recomendo: Preparem-se, pois esta é a hora!!
Alias jacta est!!!
(Janete Ribeiro, Mestre em Administração de Empresas – Marketing pela FGV-SP, artigo publicado no site http://www.administradores.com.br/ em 14/04/2011).