sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A3-a - PSICOLOGIA APLICADA

A3/a - Roteiro de aula (10/02/2011) :
1-Importância da Psicologia como ciência explicativa dos fenômenos sociais.
Para o economista e professor Paulo Nunes a expressão fenômeno social designa os fenómenos que decorrem da vida social e do comportamento humano, tais como os fenómenos económicos (desemprego, crescimento económico, inflação, riqueza e sua distribuição,...), demográficos (crescimento populacional, emigração e imigração, distribuição por faixas etárias), sociológicos, políticos, históricos, etc. Todos estes fenómenos sociais constituem o objecto de estudo das Ciências Sociais que os estudam a partir de diferentes perspectivas.
Cada fenômeno social tem de estar ligado aos esforços que forjam a sociedade, isto é, aos homens e os fenômenos sociais devem, portanto ser o resultado da atividade humana, que, como tal está relacionado com a consciência humana.
O fenômeno torna-se então psicológico. Ao mesmo tempo o fenômeno esta relacionado com todo o organismo humano, que, por sua vez está submetido a determinadas leis fisiológicas, químicas e físicas; o fenômeno social é, portanto, ao mesmo tempo um fenômeno geral da natureza. Torna-se por isso difícil a sua definição. Isso constitui mais um motivo para a complexidade dos fenômenos sociais, isto é, o fato de constituírem estes uma serie de vários e distintos momentos, dos quais é difícil distinguir o momento especificamente social, para com estes constituir o conjunto de fenômenos cuja relação se procura determinar e que é a mola da vida social.
Os fenómenos sociais são complexos ou pluridimensionais. Não são apenas económicos, nem apenas políticos ou sociais. Possuem simultaneamente várias dimensões. O sociólogo Marcel Mauss exprimiu essa ideia através da expressão “fenómeno social total”.

2-Aspectos Psicossociais da violência e da agressividade humana.

A Violência pode ser considerada como sendo uma ação cometida ou omitida que implique a morte de uma ou mais pessoas ou que lhes inflige, de maneira intencional ou não, sofrimento, lesões físicas, psíquicas ou  morais contra a sua vontade ou com o concurso da mesma
São ações realizadas por indivíduos, grupos, classes, nações, que ocasionam danos físicos, emocionais e ou espirituais a si próprios ou a outros, apresentando profundo enraizamento nas estruturas sociais, políticas, bem como nas consciências individuais e coletivas.
2.1-Fatores que contribuem para o problema social da violência:
- Fragmentação do espaço urbano (segregação espacial);
- Degradação da vida nas grandes cidades (abusos em nome do dinheiro e do prazer);
- Marginalização social (milhares de pessoas sem o básico para uma vida dígna);
- Desemprego (incapacidade de consumo do que a sociedade impõe como "vital");
- Acesso desigual à terra (concentração fundiária - latifúndio X minfúndio);
- Estruturas arcaicas de poder (herança de corrupção política - "é assim mesmo" / "não tem jeito);
- Violação dos direitos civis dos trabalhadores rurais (trabalho escravo, infantil, exploração);
- Precarização das relações de trabalho (redução de salários e aumento da jornada de trabalho, perda dos direitos já conquistados)
A nossa sociedade propicia uma cultura sociopática. Valores e contra valores sofrem um processo de metamorfose. A  inversão de conceitos integra o elenco das caracteristicas sociais.
2.2-Elementos desencadeadores da violência :
- Perda de referenciais éticos
- Individualismo anárquico
- Segregação social
- Cultura do medo
- Exacerbação dos conflitos
- Exacerbação dos conflitos
- Enfraquecimento dos laços de sociabilidade
- Desapego aos princípios de justiça
- Corrupção e apologia da criminalidade
- Corrupção e apologia da criminalidade
- Discriminação a grupos e minorias
- Herança histórica do autoritarismo
- Relações sociais baseadas no mandonismo
- Hierarquização e desigualdades sócio-econômicas
2.3-Causas Psicossociais

a. A visão niilista da existência. Talvez fruto da decaída dos símbolos e das crenças religiosas. Não se trata da inexistência de valores. Estes, na sua essência, continuam presentes nas mentes das pessoas, porque não há como negá-los. O que se vê é um clima social permissivo, um certo desalento da maioria sobre a eficácia desses valores. Se essa maioria, de modo geral, não perpetra crimes visíveis, contribui com sua apatia, com a resistência a assumir rumos definidos no campo da ética, da moral.

b. Se, desde o início do século XX, começaram a ser questionados mandamentos e parâmetros sociais cerceadores e castradores, após a 2ª Grande Guerra esse questionamento tomou um rumo mais definido. Aceleram-se as derrubadas de costumes e tradições. A mais importante, talvez, seja a liberação da sexualidade, dentro dessa visão niilista, exacerbando uma pretensa conquista da pessoa para agir irresponsavelmente, instintivamente, sem construir laços duradouros de relação humana. Consequentemente, os padrões de casamento e família são revisados numa perspectiva individualista, egoísta e, certamente, insatisfatória.
Para compreendermos tal visão niilista da existência, devemos resgatar o significado da expressão “NIILISMO”. Segue abaixo esclarecimentos sobre o termo retirado da enciclópédia eletrônica  Wikipédia:
Niilismo é um termo e um conceito filosófico que afeta as mais diferentes esferas do mundo contemporâneo (literatura, arte, ciências humanas, teorias sociais, ética e moral). É a desvalorização e a morte do sentido, a ausência de finalidade e de resposta ao “porquê”. Os valores tradicionais depreciam-se e os "princípios e critérios absolutos dissolvem-se". "Tudo é sacudido, posto radicalmente em discussão. A superfície, antes congelada, das verdades e dos valores tradicionais está despedaçada e torna-se difícil prosseguir no caminho, avistar um ancoradouro".
O niilismo pode ser considerado como "um movimento positivo” – quando pela crítica e pelo desmascaramento nos revela a abissal ausência de cada fundamento, verdade, critério absoluto e universal e, portanto, convoca-nos diante da nossa própria liberdade e responsabilidade, agora não mais garantidas, nem sufocadas ou controladas por nada". Mas também pode ser considerado como "um movimento negativo” – quando nesta dinâmica prevalecem os traços destruidores e iconoclastas, como os do declínio, do ressentimento, da incapacidade de avançar, da paralisia, do “tudo-vale” e do perigoso silogismo ilustrado pela frase do personagem de Dostoiévski: "Se Deus está morto, então tudo é permitido" (Na verdade trata-se de mera interpretação de um diálogo desenvolvido entre os irmãos Karamazov, com a "intervenção" do diabo). Entende-se por Deus neste ponto como a verdade e o princípio.